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  /    /  QdP Porto Vintage – homenagem a José Ferreira

O CRIADOR

Quinta do Pôpa Porto Vintage é uma homenagem a José Ferreira

Francisco Ferreira (o avô Pôpa) era filho bastardo de um grande produtor de vinho do Douro com a sua empregada doméstica, Joaquina Ferreira. Viveu uma vida simples, mas feliz mesmo que na penumbra do seu pai desconhecido em registo. Casou com Filomena com quem teve três filhos.

Era uma pessoa muito carismática, conhecida e respeitada pelas pessoas que o rodeavam. Hoje, mesmo já não estando entre nós, é a inspiração da família Ferreira: um pai exemplar, criador de um legado fantástico, a família Pôpa, com valores familiares fundamentais. O seu maior sonho era ser reconhecido e valorizado pelo seu trabalho e (claro) pelo seu pai. Nunca o concretizou em vida.

Uma geração mais tarde, o seu filho José Ferreira (Zeca do Pôpa) concretizou-o ao comprar parte da Quinta do Vidiedo, situada em Adorigo, Tabuaço, no coração do Douro Vinhateiro. Em homenagem ao seu pai, mudou o nome da propriedade para Quinta do Pôpa.

Qual era o seu sonho quando era criança?

Naquele tempo nós não tínhamos sonhos, tínhamos sono! (risos) O meu maior sonho era… fugir à tropa. Foi o meu 1º sonho. Porque depois de sairmos da escola com 10 anos, o nosso destino era trabalhar na vinha até sermos chamados para a tropa. E o meu irmão mais velho esteve lá, sofreu imenso, e pediu-me para fazer de tudo para não passar por isso.

Que passos deu para que os seus sonhos se tornassem realidade?

Há vários. Mas o primeiro foi passar a fronteira, a salto. Ainda menor de idade, foi o princípio da minha independência. Depois em França, apesar de trabalhar de dia para outras pessoas, mentalizei-me que não podia ser só isso; portanto em part-time comecei por arriscar-me no que já sabia fazer bem – música. O que me veio a trazer obviamente algum dinheiro extra para enviar à minha mãe, fez-me chegar aos palcos e... Conheci a minha mulher! Depois foi conseguir trabalhar por conta própria, que se tornou mais motivador pelo reconhecimento que tinha por parte dos meus clientes. Eera muito bem remunerado, o que me aproximava ainda mais à vontade que tinha de regressar para Portugal. E mais tarde – já a viver em Portugal – o outro paço foi a aquisição da Quinta.

O que sente ao vivenciar o seu sonho diariamente? O que acha do desenvolvimento do seu sonho?

Isso, isso não se consegue medir com uma fita métrica! Há vários momentos, vários pontos e fases que mexem comigo. É uma enorme emoção. Primeiro é a sorte de ter os meus filhos a dar-lhe continuidade, o que me orgulha mas também me surpreende porque nenhum dos dois conheceu o meu pai. Mas das minhas memórias tornaram-no presente, outra vez. Depois (e sobretudo de quem vem de tamanha pobreza) ver o nome do meu pai a ser pronunciado em concursos de vinhos, o rosto dele numa garrafa em Nova Iorque, … , é indescritível. É que nem consigo imaginar como ele se sentiria ao ver tudo isto.

Quais são os pontos fortes e as diferenças que tornam a Quinta do Pôpa tão especial?

É que tudo tem sido feito com muito carinho. Com muito detalhe e paixão. É que a QDP não é só o meu sonho, é hoje uma empresa familiar, em que os meus filhos têm feito juntos coisas incríveis.

Como vê o projeto nos próximos 5 anos?

A única ambição que há é a melhoria. Porque afinal temos aprendido muito nestes últimos tempos e… de facto para fazer alguma coisa é no agora, e fazê-lo bem. E claro o factor chave da sustentabilidade, para garantir a presença deste património e seus recursos nas gerações futuras.

Qual é o seu vinho  favorito?

Por razões sentimentais destaco o Homenagem. E também porque me transporta à minha infância, pelo seu perfil. E depois o Vintage, lembra-me muito de quando era catraio e manuseava os vinhos generosos.

O que você aconselharia para as pessoas que têm medo de seguir seus sonhos?

Ser humilde, trabalhador, leal e dar para receber.

Que passos devem dar?

Não ponderar tudo. Arriscar.

É óbvio que tudo o que tem maior valor, sai-nos do pêlo, do trabalho, da dedicação. E como eu sou uma pessoa com poucos estudos, sempre lutei pelos meus sonhos sem pensar muito. Quanto mais sabes, mais medo tens; certo? Mas hoje eu sei que o que sempre tive foi coragem, não burrice. Portanto, mesmo nos momentos que falhei, compensei com mais horas de trabalho até alcançar os meus sonhos.

Qual o conselho para os seus filhos?

Diria o que digo a qualquer pessoa: “fazer muito com pouco” e principalmente” correr muito sem levantar pó”; e nunca se descuidarem da sua qualidade de vida, principalmente da sua vida familiar.

O sonho continua…